terça-feira, 10 de abril de 2012

Luzes

Luzes
nesta noite
doentia,
estrelas!

Um cheiro
de nêsperas,
maravilha,
lunetas!

Lembranças
passadas
de quintais
e céus!

Hoje
vendetas,
mercado
e papéis!

Tempos modernos,
crises,
idiosincrasias
ao léu!

Cometas, vertigens
e tragos,
parvoíces etílicas,
primor!

Luzes
nesta noite
sombria,
a lua é maior!

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Pôr-do-Sol

O sol quando se encerra aplaudo mudo.
Entrego-me às cores do fim do mundo,
vermelho belo e algum lilás sortudo.
Laranja forte protegendo um fraco amarelo.
O sol quando dorme à vida acrescenta um elo.

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Sinceridade

Essa lua que do alto cisma
se parece com a minha sincera incoerência.
Volta e meia
ela cresce, é cheia e míngua e é a mesma.


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Noturno

Sou a cor do fim da tarde, qualquer uma que vai desbotando.
Sou o início do breu da noite e toda a cor que some.
Desmaiando e descolorindo descubro
o grandioso lençol do céu que lua esconde.

Abstract- Internet
Foto de Ed LaCosta


Um Café e a Conta

Na mesa o café,
a conta paga,
a boca amarga
e o vazio da solidão.

Muito se fumou,
pouco se falou,
a cabeça inchada
e do meu lado mais ninguém.

Por estar certa a exatidão
de um não,
olhos declinados
e a cadeira respira a morte de alguém.

Na mesa o café
frio,
a incerteza de bebê-lo só,
a angústia nos dedos da mão.

Muito se olhou,
pouco se fitou,
os dentes trincados
e do meu lado a flor que murchou.

Conseguir passos no chão
e a coragem pra deixar a mesa agora,
perceber o silêncio de ouvir
ela indo embora.
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Meu Sono

O meu sono
dorme em partes.
A primeira,
a minha morte!
Depois,
com muita sorte
você,
quem no escuro me abraça!

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Sob o Sol

Um sorriso fraco embutido no rosto
de rugas certas perto dos olhos
quase imóveis, abatidos de gosto.

Andar arrastado e a vestidura não escolhida,
cabelo despenteado
e marcas na pele sofrida.

Um pé no estribo da morte, outro buscando sapato,
as mãos suadas do corte,
da ceifa, da faca gritando no mato.

Um sol inclemente insiste na sobrevivência
e na paciência incrível
de tê-lo ainda vivo, mas imprevisível.

Cai a cana carregada no ombro,
despeja num canto e se vai pensamento
franzindo o cenho.

Todo o seu tempo, a lira da juventude,
amiúde
é moído na roda do engenho.

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